sábado, 28 de dezembro de 2013

Padrão Fifa, nota zero



Os alemães, mexicanos, chineses, brasileiros e árabes que foram aos estádios de Agadir e Marrakech, no Mundial de Clubes em Marrocos, deram nota zero para o padrão Fifa. A decepção foi grande. A começar pela compra dos ingressos. O sistema estava sempre fora do ar, dando oportunidade para que pessoas aproveitassem da ingenuidade de outras e obtivessem informações pessoais para que pudessem futuramente usar em falcatruas. Depois da compra dos bilhetes, pela internet, para muitos com até dez dias fora do prazo estabelecido, veio o outro problema. Aliás, um drama. A retirada dos bilhetes nos postos credenciados. Novamente o sistema estava fora do ar, provocando filas enormes. Em  outros locais, nem isso. Uma aviso informando que o posto não estava funcionando, obrigando muitos a ficarem rodando pelos pontos a procura do tão sonhado bilhete.

Não tinha como o torcedor deixar de ficar revoltado, xingando muito, porque algumas filas duraram até três horas, sempre aumentando o custo para os turistas. Finalmente, de posse do ingresso, quando se  imaginava que já não haveria mais problemas, o pior estava poracontecer nos estádios. Até as proximidades, nenhuma dificuldade:  trânsito normal para um fluxo maior. Mas quando o padrão Fifa entrou  em ação foi uma lástima. Muito do que vimos no Brasil na Copa das Confederações. Em Marrocos, ainda pior, porque os ingressos foram vendidos com numeração e divididos por duas categorias (um e dois), o que  na prática não representou absolutamente nada. Quem chegou mais cedo ocupou os melhores lugares. Não havia numeração nas cadeiras. Por este motivo a torcida do Atlético ficou espalhada por todo o estádio.

Foram formadas filas enormes para o acesso, limitado a dois portões para os torcedores, o que provocou muito tumulto. As autoridades e delegações entraram pelo hall, sem qualquer problema. Se o torcedor gastou 50 minutos para chegar próximo ao estádio, claro que houve  
exceções, o tempo foi ainda maior para se achar um local onde pudesse se assentar. Foi praticamente impossível comprar algum lanche no estádio. Nos bares havia no máximo duas pessoas para atendimento. Era necessário fazer uma opção: ver o jogo ou perder parte dele para comprar um simples sanduíche ou um refrigerante. Bebidas alcoólica é assunto proibido.

Para deixar o estádio, depois dos jogos, outro drama. Exceto para as autoridades da Fifa e do país, todas com batedores para liberar o trânsito, os torcedores ficaram uma hora ao redor do estádio, saídas também apenas por dois portões, sem que houvesse qualquer movimentação no trânsito. Depois foram mais duas horas até o local de destino. A reclamação não foi apenas dos visitantes. Os árabes também não gostaram. Não esperavam tanto sofrimento por causa de uma partida de futebol. 

Mas um detalhe chamou a atenção: o policiamento nas três vias de acesso: a cada 300 metros, três policiais, em cada ponto da pista (no meio e nas laterais), para acompanhar a movimentação das pessoas. Num país que pune as irregulares é importante ter este policiamento ostensivo. Não se age por ouvir falar. Estão presentes ao ato.




terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Um gol "ala" Ronaldinho


Ainda Marrakech. Afinal, por muito tempo, é uma cidade que ficará na memória dos torcedores. Dos atleticanos especialmente, já que havia o  sonho de voltar para a casa com o título mundial e o time conseguiu  apenas um terceiro lugar. Na sabedoria dos homens, os que profetizam a  fé, o resultado veio na medida exata do Criador e do real merecimento para uma conquista Mundial. Para os personagens dentro de campo e para a massa torcedora que fez um dos mais belos espetáculos pelas ruas marroquinas e, depois, no estádio ficou a decepção. Para os  cruzeirenses, nada melhor a derrota dos rivais. Então muita água ainda  
vai rolar por tudo que vimos em Marrocos.

A estranhar o fato do Atlético, com uma estrutura de ponta do Futebol brasileiro, iniciar a competição com um grupo, especialmente o comando técnico, e terminar com outro. Um novo técnico contratado. Não dá para entender, justamente em um Mundial. Nem se fosse em um Campeonato  Amador. Cuca vai fazer falta. Na mesma dosagem, Pierre e Luan. Cada um  
em sua função: Pierre é um bom jogador para destruir, mas seus recursos técnicos são limitados. Por este motivo se torna nulo do meio campo para frente. Luan tem a cara do Galo. Um galo doido. Corre de um lado para o outro e de repente suas loucuras dão certo. Vamos lembrar de três lances: o pênalti sofrido na final do Campeonato Mineiro, no Mineirão, contra o Cruzeiro (Ronaldinho aproveitou e marcou); o gol do empate por 2 a 2, contra o Tijuana, nos instantes finais no México e ainda o da vitória sobre o Guangzhou. Nunca será um primor, mas
decide. Os técnicos gostam de ter um jogador como ele como opção, essencialmente devido a velocidade, hoje um dos pontos fundamentais do futebol. Vejam bem: tão importante que supera até a técnica. Mas eu  vou morrer batendo na tecla de que o talento é o essencial.

Foi realmente espetacular a festa dos torcedores em Marrakech. Apenas os alemães ficaram indiferentes. Raramente se manifestaram, mas limitando-se a um simples sorriso. Já os marroquinos entraram no ritmo dos brasileiros. Chegaram a usar os mesmos gritos da arquibancada para provocar os rivais. Mas nada de violência. Foi muito bonito. O resultado final, todos sabem: o Bayern de Munique absoluto e incontestável. O silêncio dos alemães era o dos vencedores. Parabéns.

Encontrei no Aeroporto, em Marrakech, com Muriqui e Conca, este levando seu filho de apenas dois anos. Conversamos, elogiei Conca por seu talento e depois falei com o Muriqui: "Justamente você fazendo gol no seu ex-Galo". Ele sorriu. Já Conca não perdeu tempo: "Foi um gol "alá" Ronaldinho". Conca disse que está muito feliz por voltar ao Fluminense. Espera ajudar o time a conquistar o título carioca e voltar a disputar o do Brasileiro. Com 30 anos, sem jamais ter sido convocado para a Seleção Argentina, se considera fora do Mundial no Brasil. Para ele, sua grande chance foi mantida até sua saída do Fluminense para o Guangzhou. "Quem estava no Brasil, foi convocado na preparação para a Copa das Confederações e ainda nos jogos das Eliminatórias. Agora, é bom pensar apenas no Fluminense e cumprir o meu papel. Sei o quanto a torcida espera. No dia 8 de janeiro estarei  
nas Laranjeiras". Ele demonstrou ser uma pessoa muito simples.

Um bom Natal para todos!


sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Marrakech, 19/12/2013
2:21
De La Palmeraie (artigo de Ronan Júnior, que está no Marrocos)

Torcida

A lua cheia vista entre os ramos das palmeiras dá o tom e o charme ao deserto do Marrocos. Deste cenário, sem voz, me atrevo a escrever sobre o Clube Atlético Mineiro. Muito já se escreveu e mais ainda se falou sobre o Galo. Mas assim como na poesia e na música, nunca haverá palavra suficiente o bastante para descrever las coisas envolvidas com o amor. Prossigo.
Há algo de diferente no torcedor do Atlético Mineiro que o diferencia das torcidas do Cruzeiro, América, Raja Casablanca ou qualquer outro time. Não há uma definição. Escritor houve que afirmou ser a torcida atleticana aquela que acredita no improvável; o torcedor se acha doido, e os jogadores são só elogios à massa.
Embora qualquer torcida de futebol tenha semelhanças e diferenças, há algo de diferente no torcedor do Galo. Hoje eu senti isso. Antes da partida, a torcida alvinegra se tornou atração turística do Marrocos, fazendo a alegria até mesmo do mais sereno fervoroso muçulmano e dando um show de gentilezas. Na derrota, a torcida, unida, pacífica, em improvável grandiosa harmonia com a torcida rival. Cenas de solidariedade na volta para a casa (ps para a família Mohamed), companheirismo ao oferecer o ombro ao amigo decepcionado sentado ao chão do estádio.
Esta torcida entende o jogo. Conhece as regras, artimanhas, estratégias, pontos fortes e fracos de seus jogadores, das estatísticas. E sabe que hoje em dia o coração na ponta da chuteira continua a ser o diferencial dos campeões. Ela sabe dos grandes equívocos do seu presidente, dos vacilos imperdoáveis de seu técnico e do corpo mole dos jogadores.
Contudo, a maior fonte de alegria da torcida não está no time, mas na própria torcida. Este é o diferencial. É a força da torcida o maior patrimônio do clube. Para conquistar um título, muda-se o treinador, entra e sai presidente, forma-se e aproveita-se jogador de base, compra outros tantos, e pronto. Se a receita der certo e houver motivação dos jogadores, sucesso. E quando isso não acontece, percebe-se - há algo de diferente no torcedor do Galo.
Todos os atores para além da torcida são passageiros no clube. A torcida não. E ela sabe disto e aproveita todas as jornadas de seu time em elevado grau de auto-suficiência. É assim no Horto, foi assim no Mineirão, sempre foi e será uma festa o ir e vir do atleticano ao estádio. Somos felizes.

Custou-me a compreender isto. Mas é assim no Galo, o mais importante é a sua torcida. Aquela música "Galo forte e vingador" é o hino do time. O da torcida é "Vou festejar", de Beth Carvalho. Pare um minuto e vá escutar essa música.. A torcida fez sua parte em Marrakech, deu show. O resto é notícia de jornal e de tevê,  papel e pessoas passageiras. Valeu massa! Vocês emocionaram o Marrocos. 
Marrakech, mesmo na dor para jamais ser esquecida

Inexplicável a paixão do homem pelo futebol. Muito mais forte que o amor na relação humana. Na quarta-feira, quando terminou Raja Casablanca 3, Atlético 1, foi desfeito um casamento que parecia eterno: o da massa atleticana com seu time. Mais de 80 % dos torcedores anunciavam: estamos indo embora, chega de decepção. No dia seguinte, os olhares entre as partes já não estavam tão estremecidos. Por incrível que pareça está noite choveu em Marrakech e a água jogou o que restava de indignação. O amor venceu mais vez. Amanhã, não será aquela numerosa torcida de quarta-feira, mas a paixão entrará em campo.

Presenciei o relato de um torcedor que faz tratamento de hemodiálise em BH, também com o coração ferido, permanecerá até domingo e reiniciará o tratamento. Vejam como é sólido este casamento, acima de todas as perdas.

Um fato que chama atenção, mostrando também que aqui existe muita paixão aliada ao business, alguns torcedores atleticanos exibiam faixas que sonhavam retornar como o maior símbolo de suas vidas: "Atlético Mineiro, Campeão Mundial de clubes da FIFA" em árabe. Um deles veio de Miami para ver seu Galo. Adilson Antines é agenciador de turismo nos Estados Unidos há dez anos.

Para encerrar, uma lição Marroquina: na saída do estádio, um torcedor árabe, eufórico pela vitória, foi cumprimentar um atleticano, o abraçando, recebeu um empurrão do derrotado. Imediatamente um policial interveio, detendo o torcedor árabe com algemas, revoltando os atleticanos que condenaram a atitude do agressor atleticano. Inclusive pediram que o marroquino fosse liberado, mas sem êxito.

A partir dai se revoltaram com o atleticano, autor da agressão, que cabisbaixo, percebeu o absurdo que tinha cometido.

No futebol, que a dor dos atleticanos seja amenizada neste sábado. Alguns torcedores afirmam que já contrataram pacote de viagem para Venezuela, na estreia do Atlético na Libertadores.




quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Lições dentro e fora de campo

Quando se perde, normalmente são flagrados os problemas de uma equipe. O Atlético não é uma exceção, mas não podemos esquecer que é um privilégio disputar um Mundial. A decepção é por ter saído da disputa do título diante de um fraco, mas determinado adversário.

Problemas técnicos

O time não jogou.  De Victor a Fernandinho não se viu nada que pudesse, na prática, acreditar que aquele futebol levaria o time a final. Nem algumas boas defesas de Victor, o gol de falta de Ronaldinho ou alguns lampejos sem capacidade de chegar ao gol com real perigo. Em resumo, entrou para perder. 

Desde a conquista da Copa Libertadores havia os sinais de que o Mundial poderia ser um fracasso. No Brasileiro, não houve a engrenagem necessária para que, numa análise sem paixão, o torcedor acreditasse que o Mundial seria uma felicidade suprema, porém foi levado pelo coração. Na Libertadores ficou muito claro que para ganhar o título, se a engrenagem não funciona, é importante que o comando técnico faça a diferença. E desta vez o Cuca ajudou a perder. Primeiro ao deixar público que ele, o chefe, estaria indo embora. Faça a sua reflexão: se amanhã o seu chefe lhe der uma ordem, ao mesmo tempo anunciando que está abandonando o barco, qual seria a sua reação? Vocês não imaginam o que isto representa dentro de um grupo com 40 estrelas.


Fora de campo o atleticano está com o coração ferido. Dói muito a punhalada de ontem, especialmente para os que não estavam presentes no Estádio, onde o torcedor teve a maior lição de educação, civilidade e respeito pelo adversário. Parabéns ao povo marroquino. A torcida recebeu uma aula a ser aplicada nos estádios. Somos todos irmãos. Na rivalidade, não há espaço para violência e sim o aplauso para os vencedores.







quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Dez para a massa atleticana

A bola ainda não rolou. Mas pelo movimento na cidade, todos os caminhos indicam uma única direção: Estádio de Marrakech. Dentro de alguns minutos começa a festa da massa atleticana e do Raja Casablanca. Previsão de mais de 35 mil torcedores, com 50% de alvinegros. A Embaixada Brasileira em Marrocos já registrou acesso de 12 mil brasileiros até as 7h de ontem. Mas nas últimas 24 horas, Marrakech foi invadida por milhares de atleticanos.

Um Marroquino, em francês, falou: "Vamos ter de criar uma nova Marrocos. Tem brasileiro demais chegando aqui". Impressionante o entusiasmo dos atleticanos com bandeiras, o grito na garganta e o hino cantado pelos quatro cantos da cidade. Nota 10 para a festa. Os Marroquinos nunca viram coisa igual.

Uma festa inédita e também histórica para os atleticanos, sem incidentes. Na viagem, por várias conexões, irradiou-se o calor da massa admirado por portugueses, espanhói, holandeses e até alemães. A exceção fica para alguns policiais romanos que não gostaram do grito “Galo!” e ameaçaram detenção.

Mas aqui em Marrakech a admiração é total até pelos rivais. Neste momento, em frente Hotel Íbis Marrakech Palmeraid, atleticanos e torcedores do Raja, estes de verde, se confraternizam caminhando em direção  ao Estádio a quatro quarteirões do Hotel. 
Os marroquinos sentenciam que em caso de derrota para o Atlético, o país inteiro já fez sua opção para a grande final: GALO





sexta-feira, 13 de dezembro de 2013


Tite procura apartamento no Rio

Os Clubes estão a procura de reforços. Eles virão com tudo. Só que Atlético e o Cruzeiro não querem errar e apenas anunciam que vão buscar as peças pontuais, essencialmente de qualidade, para que suas equipes possam encorpar. Já o América fala em uma mudança quase que radical para que 2014 seja um ano finalmente de grandes vitórias. Assim seja!
No Rio, o comentário principal é que o técnico Tite está procurando apartamento. Seu  destino: Fluminense, caso este  seja confirmado na Série A no lugar da Portuguesa. Acontece é que o Tricolor já havia acertado com Renato Gaúcho e ele caiu fora depois que o Grêmio confirmou o segundo lugar do Brasileiro e o Tricolor o rebaixamento.  Os empresários confirmam que os reforços principais virão do exterior, mesma previsão para o futebol paulista, especialmente para os clubes de ponta.
O Atlético vive o seu momento histórico em Marrakech, consciente do que terá pela frente. Sabe de sua força, mas terá de jogar um futebol acima de todas as expectativas para que possa voltar campeão. As chances existem, apesar do Bayern de Munique ser o grande favorito ao título, com um time que encanta e joga. Caso não ocorra nenhuma grande surpresa, deve disputar a finalíssima contra o Galo, que terá de superar Monterrey ou Casablanca. A nação atleticana está chegando ao Marrocos e as faixas postas: “Eu acredito”.